domingo, 5 de setembro de 2010

A África do Sul e o apartheid



   
  Os europeus chegaram à região atual da África do Sul em 1487, quando o navegador português Bartolomeu Dias contornou o cabo da Boa Esperança. O sul da África, trecho estratégico na rota comercial para as Índias, era habitado por diversos grupos como os bosquímanos (san), o hotentotes (khoi), os xhosas e os zulus. Durante o século XVII, a área foi ocupada por protestantes holandeses, franceses e alemães. Esses colonos europeus, denominados bôeres ou africânderes, fixaram-se na região e desenvolveram uma língua própria derivada do holandês, o africâner. No decorrer do século XIX, os ingleses tomaram a Cidade do Cabo e venceram, em várias guerras, os diferentes grupos africanos e os bôeres.
     A partir de 1913, a minoria branca, composta de africânderes e descendentes de britânicos, promulgou uma série de leis que consolidou seu poder sobre a maioria da população negra. Em meados do século XX, o Partido Nacional (PN), basicamente africânder, chegou ao poder e estabeleceu uma política ainda mais abrangente e rigorosa de segregação radical, o apartheid (separação, em africâner). Essa política impediu o acesso dos negros à propriedade da terra e a participação política, além de obrigá-los a viver em zonas residenciais separadas das dos brancos. Também os casamentos e as relações sexuais entre brancos e negros tornaram se ilegais.
     A política do apartheid foi duramente combatida no país, especialmente a partir da década de 1950, período em que o Congresso Nacional Africano (CNA), organização negra criada em 1912, lançou uma campanha de desobediência civil. Em 1960, a policia matou 67 pessoas, todas negras, que participavam de uma manifestação em Sharpeville, bairro negro situado a 80 quilômetros de Johanesburgo. O chamado massacre de Sharpaville provocou protestos no país e no exterior. Como conseqüência, o CNA foi declarado ilegal. Em 1962, o líder do CNA, Nelson Mandela, foi preso e condenado a prisão perpétua.
     Entre os anos de 1958 e 1978, a política do apartheid agravou-se, especialmente devido a uma série de leis que passou a classificar e separar os negros em diferentes grupos étnicos e linguísticos. Esse artifício acabou criando, em 1971, os bantustões, territórios tribais “independentes” onde os negros eram confinados em condições muito precárias. Populações urbanas que tinham perdido os vínculos tribais havia gerações viam-se obrigadas se deslocar para os bantustões reservados aos xhosas, aos zulus etc. A medida fez aumentar a tensão entre o governo e os segregados.

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