domingo, 5 de setembro de 2010

As origens do processo descolonizador

   O processo de descolonização afro-asiática deve ser compreendido, em parte, como reflexo da crise dos países europeus imperialistas no período pós-guerra. Mesmo os países vencedores do conflito mundial, como Grã-Bretanha e França, não tinham mais condições de manter seus exércitos e investimentos nos territórios coloniais.
    A desmoralização política da Europa abriu assim espaços para os colonos lutarem por sua liberdade e, também para as 2 grandes potências Estados Unidos e a união Soviética, incentivar a emancipação das colônias. A própria criação da ONU , em Junho de 1945, tinha como objetivo, pelo menos formalmente assegurar a igualdade entre todos os países do mundo.
    Os Estados Unidos e a União Soviética planejavam expandir e fortalecer suas ideologias. Para os soviéticos, em particular a descolonização representava uma nova oportunidade para expandir o socialismo.
    Terminada a guerra, a luta pela independência ganhou força e se alastrou pelas colônias. Índia, Indochina, Argélia... A cada ano mais e mais países se libertavam do jugo colonial europeu, de forma violenta ou por meios pacíficos. Desses movimentos se constituíram vários países politicamente independentes, mas de economia frágil, que foram inseridos no bloco do Terceiro Mundo.

Os três mundos

Primeiro Mundo: Formado pelo conjunto de países capitalistas desenvolvidos;
Segundo Mundo: Correspondendo aos países socialistas;
Terceiro Mundo: Todos os países subdesenvolvidos.

A Conferência de Bandung (1955)

Conferência de Bandung

     Em 1995, representantes de 29 países africanos e asiáticos reuniram-se na Conferência de Bandung, na Indonésia, para discutir políticas de cooperação mútua e estratégias para preservar a independência. A decisão pelo não-alinhamento nem aos Estados Unidos nem à União Soviética teve grande repercussão internacional e forçou a ONU a exercer pressões sobre as potências mundiais para que reconhecessem a autonomia desses países.

A descolonização da Ásia


  Durante a Segunda Guerra Mundial, com o enfraquecimento das potências europeias, os japoneses aproveitaram para invadir a Malásia, Cingapura, as Filipinas e a Birmânia (atual Mianma), chegando próximo da Índia, territórios então de domínio colonial europeu.
   Quando a guerra terminou e os países europeus tentaram retomar o controle sobre as áreas invadidas, encontraram a resistência de grupos anti-coloniais organizados, muitos dos quais já contando com o apoio de socialistas soviéticos. Com isso, grande parte das colônias asiáticas conquistou sua independência entre os anos de 1945 e 1954.

A independência da Índia

Bandeira da Índia

  A Índia britânica ocupava o território correspondente a cinco Estados, que se tornariam independentes: Índia, Paquistão Ocidental, Paquistão Oriental (que se tornou Bangladesh), Ceilão (atual Sri Lanka) e Birmânia (hoje, Mianma). Nessas áreas a maior parte da população seguia o hinduísmo, porém havia uma importante minoria mulçumana. Embora convivendo no mesmo território, havia intensa rivalidade entre os dois grupos religiosos.
   Entre 1920 e 1930, o movimento de resistência anticolonial ficou sob controle do partido do Congresso (hindu) e a liga Mulçumana. Um dos principais líderes hindus do processo de independência da Índia foi Mohandas Karamchand Gandhi, um advogado de formação britânica que conduziu uma campanha de resistência pacífica para libertar a Índia da dominação colonial. Seus métodos pacíficos na luta contra o colonialismo incluíam jejuns, greves, longas marchas e boicote aos produtos ingleses.

A partilha da Índia

Divisão da Índia após 1947

   No período posterior a Segunda Guerra Mundial, a idéia da divisão da Índia ganhou  força graças à importante participação das tropas mulçumanas no exército britânico. A minoria islâmica, temendo o domínio total dos hindus na política indiana, passou a reivindicar um Estado independente. A idéia de formar um Estado islâmico passou a fazer parte da luta dos mulçumanos, e se concretizou com a formação do Paquistão Ocidental e Oriental (este último se tornaria um Estado independente em 1971, com o nome de Bangladesh).
    O governo inglês tomou a iniciativa de nomear um funcionário britânico para negociar com representantes indianos a transição pacífica do domínio colonial. Porém, ao mesmo tempo em que a notícia animava os indianos, estimulava conflitos internos violentos entre grupos religiosos e facções rivais. Estima-se que um milhão de pessoas morreu nesses conflitos, que duraram cerca de um ano.
    Essa situação de guerra interna convenceu os principais líderes, a aceitarem a partilha da Índia, uma vez que ficava clara a dificuldade de hindus e mulçumanos conviverem num mesmo país. Por ironia, no dia da independência, 17 de agosto de 1974, no mesmo momento em que a Índia conquistava sua autonomia, sua unidade política se desfazia. Um ano depois Gandhi foi assassinado por um nacionalista hindu fanático, incorfomado com sua defesa de cessão de parte do tesouro indiano ao Paquistão.
     Ainda hoje, conflitos de origem religiosa e política continuaram provocando inúmeras mortes no sul da Ásia.

A guerra civil em Timor Leste

Bandeira do Timor Leste 

  O Timor Leste foi colônia portuguesa até 1975, momento em que o império colonial lusitano na África e na Ásia desmoronou. Nesse mesmo ano, tropas indonésias invadiram a região, iniciando uma ocupação longa e sangrenta. Contra a presença indonésia lutavam a Frente Revolucionária de Timor Leste Independente, dirigida por Xanana Gusmão, e seu guerrilheiro, as Forças Armadas de Libertação de Timor Leste.
   No final do século XX(20), Portugal e o governo da Indonésia, com a mediação da ONU e dos Estados Unidos, iniciaram negociações para definir a situação da região e fixaram a data para realização de consulta popular.
    A maioria dos timorenses votou pela independência. Grupos paramilitares da Indonésia que ficaram inconformados com o resultado invadiram o Timor Leste e mataram centenas de pessoas, além de provocar a fuga de cerca de 200 mil timorenses. A resistência dos timorenses forçou a rendição dos indonésios. A ONU enviou para a região uma força de paz, nomeando chefe do governo provisório o brasileiro Sérgio Vieira de Mello.
    Em 2002, o ex-líder guerrilheiro Xanana Gusmão foi declarado oficialmente o vencedor das primeiras eleições presidenciais do Timor Leste.